Nem todo homem gosta da instituição do casamento. Nem todo homem é adepto do 'crescei e multiplicai'.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Antiga união afetiva entre os piratas do Caribe: Matelotage

Pierre Loti (1850-1923) - Sailors

Peloponeso Laconia (peloponeso.laconia@gmail.com), um antigo e incansável colaborador nosso, foi quem deu a ideia desta postagem. Este intrigante assunto, muito censurado na história, estava na fila há muitos anos para ser analisado. Peloponeso, adepto das antigas alianças e tradições viris, forneceu as ferramentas corretas de pesquisa. 
Transcrevo pequeno texto, como aperitivo, desde assunto que tem rendido muitas pesquisas por parte de homens interessados no assunto.

Matelotage: o casamento do mesmo sexo entre os piratas.
“No século XVII os piratas formavam uma comunidade exclusivamente masculina; vivendo às margens da lei, longe das mulheres e famílias, sujeitos às intempéries, acidentes, doenças e morte violenta, eles desenvolveram suas próprias regras de sobrevivência. Uma das mais famosas foi o 'matelotage', uma união do mesmo sexo, que, particularmente na ilha de Tortuga, no Caribe, era bastante semelhante ao casamento. Na mesma época em que na Europa e suas colônias a homossexualidade era reprimida, hostilizada e estigmatizada sob o rótulo 'sodomia', na sociedade dos piratas (uma sociedade 'desviante' e 'fora da lei') a relação afetiva e sexual entre dois homens não causava escândalo e pareceu razoável. Como em uma cerimônia de casamento convencional, os homens envolvidos em matelotage trocavam alianças de ouro e juravam entre si que sua união seria eterna. A união era reconhecida pelos demais piratas e dava alguns direitos patrimoniais aos companheiros; em caso de morte de um deles o outro herdava seus bens (o que incluía o espólio de saques). Eles se comprometiam a dividir tudo, inclusive as propriedades. Sabe-se que esse rito de união não era forçado, e não raro era adotado por homens de mesma idade (diferentemente dos ritos da pederastia), e nem sempre implicava em coabitação sexual. John Swann e o Capitão Robert Culliford são exemplo de dois piratas que segundo os registros da época viveram juntos publicamente uma relação homoerótica; Swann era chamado de 'o consorte' (cônjuge ou companheiro) de Culliford. Eles se conheceram quando ficaram presos durante quatro anos em Mangalore, na Índia; após a fuga eles se refugiaram na ilha de Santa Maria, próxima de Madagascar, e foi lá que se uniram no rito de matelotage. Alguns matelotage eram monogâmicos, mas em outros os companheiros dividiam os amantes ou a esposa de um deles (a união dos piratas Louis Le Golif e Pulverin era deste tipo).” 
- Turley, Hans (1999). Rum, Sodomy, and the Lash: Piracy, Sexuality, and Masculine Identity.
- Transcrito da página do Facebook: 

Links diversos sobre Matelotage:

Matelotage