Nem todo homem gosta da instituição do casamento. Nem todo homem é adepto do 'crescei e multiplicai'.

domingo, 10 de abril de 2016

Saudades de Jack Malebranche


Jack Malebranche - Jack Donovan

Saudades do escritor Jack Malebranche, autor de 'Androphilia: A Manifesto. Rejecting the Gay Identity, Reclaiming Masculinity' - Baltimore, Md: Scapegoat Publishing, 2006.
Os moralistas tremem ao saber que ele foi ‘satanista’ no passado, e isto ainda serve de munição aos ‘gays fundamentalistas’ e 'héteros enrustidos'. Tal fato nunca me interessou e cada homem segue seu caminho, laico (secular) ou não.
Malebranche foi o pseudônimo de Jack Donovan (JD). A primeira edição de ‘Androphilia’ tinha Malebranche como autor e virou item de colecionador; já as edições posteriores levam o nome de Donovan. Por que uso o termo ‘saudades’ no título da postagem? Malebranche dizia coisas, na época, que me interessava e fortalecia: era ‘afiado’ e sagaz; ‘deitava e rolava’ em assuntos relacionados ao ‘gayismo’; tinha um humor ferino e educado, qualidade que aprecio e que se perdeu... talvez reflexo do mundo atual e do seu novo público, bem diferente dos leitores de sua obra pioneira.
Em princípio achava Malebranche mais universal que o Donovan, mas vi que eu tinha parado no imponderável tempo e que estava errado. Donovan é ‘foda’ e entendo que sua fase de combate ao ‘gayismo’ já faça parte do passado. Ele agora trilha caminhos que enfatizam o ‘tribalismo masculino’, de antigos costumes viris para o fortalecimento dos homens em tempos de globalismo. É um desenvolvimento natural de seu hercúleo e bem fundamentado trabalho com livros, vídeos, palestras, cursos, artigos. Depois de ‘Androphilia’, escreveu ‘Blood-Brotherhood and Other Rites of Male Alliance’, ‘The Way of Men’, ‘No Man’s Land’, ‘A Sky without Eagles’, ‘Becoming a Barbarian’. Seu trabalho é drigido a qualquer homem do planeta, mas creio que haja mais ressonância cultural entre homens norte-americanos / europeus / canadenses / australianos.

Sou um orgulhoso homem de ascendência portuguesa e italiana e  oriundo da ‘cultura rural caipira’ do Estado de São Paulo. Sou um adepto de JD, mas eu duvido que seu Ideário tenha alguma ressonância em meu país (Brasil). Digo isto, por ser um crítico permanente do padrão médio do homem brasileiro: tosco, oligofrênico, ‘programado’, refém do ‘crescei e multiplicai’.

A violência urbana / suburbana / rural, do 1º ao 3º mundo, veio para ficar... e JD sabe disto. Penso nas palavras de Lawence Ferlinghetti (líder da geração beatnik e fundador da antológica livraria City Lights Books - San Francisco, EUA), ditas recentemente à Folha São Paulo (tradicional jornal brasileiro):
"Fronteiras serão mais porosas e o mundo vai ser tomado por hordas étnicas em busca de abrigo e comida”.

Há quase uma década, Ricardo Líper divulgou pioneiramente Jack Malebranche / Donovan aos homens brasileiros adeptos da Tradição Espartana. Reitero o que escrevi, em 2015, na página ‘Novidades Front’:
“O Código dos Homens - Ed. Simonsen foi lançado cá em Pindorama (Brasil). É a 1ª obra em português do Jack Donovan. Que fique bem claro: quem apresentou Donovan ao Brasil (2007) foi Ricardo Líper, acadêmico da Universidade Federal da Bahia. Fico indignado por Líper não ter sido chamado para fazer a apresentação de tal livro, pesquisador que é da virilidade masculina distante dos ‘programados e gays’.”

Em princípio, eu me dirijo e escrevo aos meus camaradas brasileiros, que são poucos e raros. Envaidecido e agradecido eu constato que, apesar de escrever em meu idioma (português), 50% de meus leitores são estrangeiros.