Nem todo homem gosta da instituição do casamento. Nem todo homem é adepto do 'crescei e multiplicai'.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Lobo solitário ou alcateia

Costa Dvorezky - Red Wall

Uma raridade achar um homem adepto da Androphilia (Jack Malebranche) aqui no Brasil. Os que conheço são pouquíssimos, e alguns são bem esquivos... devem ter razão de sobra para isso, afinal não somos uma terra de plena liberdade no quesito moralidade. De uns anos para cá é mais fácil um homem brasileiro andróphilo se tornar um homem programado (casamento e procriação) ou um adepto do gayismo, do que seguir corajosamente seu real caminho.
Jack Donovan escreveu que, para nossa segurança, não devemos viver só (lobo solitário) e que devemos procurar nossa gang (alcateia). Isto deve ser fácil nos EUA com plenas liberdades democráticas, não aqui no Brasil.
Muito raro encontrar um homem brasileiro que escreva coisas sobre homens que fujam do estereótipo e dos padrões morais e sociais impostos. Desde 2019 leio um blog de um cara, morador de área rural, que corretamente se mantem no anonimato e escreve muito bem. Que fique bem claro: ele não é adepto da Androphilia, é heterossexual e muito bem resolvido. Seguem algumas frases, transcritas de seu blog, que servem para todo homem libertário.


- “A solidão voluntária é um poder que poucos homens suportam, não é para qualquer um.”

- “A verdade deles não é a sua verdade. O que pensam sobre você não define quem você é.”

- “Nunca é tarde demais, nem você é tão velho para se tornar algo melhor.”

- “O que não te desafia, não te torna num homem.”

- “Antes eu me perguntava se eles gostavam de mim, hoje me pergunto se eu é quem gosto deles.”

- Há algumas coisas que você só consegue aprender dentro da tempestade.

- “O silêncio fala muito e não comete erros.”

- “Nós não herdamos essa terra dos nossos ancestrais. Nós pegamos emprestado dos nossos filhos. Devemos devolvê-la inteira.”

- “E é na sela que eu vou perder meus pensamentos e achar a minha alma.”

- “Eu acordei. Eu tenho uma casa acolhedora. Eu tenho água corrente. Eu tenho comida para encher minha barriga. Eu tenho roupas pra vestir. A vida é boa, eu sou um abençoado. Eu sou grato.”

- “Eu parei de lutar contra meus demônios internos. Agora estamos do mesmo lado.”

- “Se todo mundo gosta de você, você tem um sério problema.”

- “Eu fiz muitas mudanças em minha vida, e não me arrependo de nenhuma delas. Se você não ouviu mais falar de mim, provavelmente você é uma dessas mudanças.”

- “Seja o exemplo que você gostaria de ter tido.”

“A realidade é a base pra todos os grandes mitos da humanidade.”

“De vez em quando, é necessário isolar-se entre montanhas profundas e vales ocultos para restaurar seu vínculo com a fonte da vida. Expire e deixe-se voar até os confins do universo; inspire e traga o cosmos de volta para dentro.”

- “O termo lobo solitário é muito mal entendido por aí, pois vivemos em vitrines onde todos estão tentando ser legais, ou tentando ser suficientes e aceitos. Não é atoa que programadores e psicólogos são profissões promissoras. Autenticidade está em falta e eu prefiro ser um maldito lobo solitário, do que uma ovelhinha tentando se encaixar em um rebanho.”

- "As palavras podem ferir, podem curar ou podem te acordar. Cabe a você entender cada palavra dita, e absorver da melhor forma. Fugir da realidade resultará sempre em algo pior, mesmo que demore. Encare a realidade como ela é, e verá um mundo de possibilidades se abrindo diante dos seus olhos.”

- “Mantenha sua pólvora seca e seu cantil cheio. Esteja preparado para os momentos ruins e saiba aproveitar os bons. Valorize quem te valoriza e honre quem esteve e está ao seu lado quando você mais precisou. Mantenha seu corpo e sua mente treinados, esteja sempre pronto para aprender, estude. Acostume-se a caminhar sozinho se necessário, porém valorize quem caminha com você. Cultive sua fé, seja forte, evite olhar para trás com apego, mas valorize cada experiência de sua história. Procure se divertir durante a guerra e saboreie suas batalhas, por mais difíceis que sejam, elas estarão entre os tesouros mais valiosos de suas lembranças.”

- “Meu nome não é somente meu, ele é herdado de meus ancestrais, devo devolvê-lo em glória. Minha honra não é somente minha, ela é emprestada dos meus descendentes, devo entregá-la intacta. Nosso sangue não é somente nosso, ele é um presente para gerações ainda não nascidas. Devemos carregá-lo com responsabilidade.”

- “A vida consiste em uma série de escolhas em cada passo que você dá. Você escolhe quem quer ser, a aparência que quer ter, como caminhar, o que comer, e o tipo de pessoa quer se tornar. Eu vivi minha vida baseadas em uma escolha determinante: Quem eu quero ser? Com essa pergunta em mente, me livrei de pudores limitantes, me livrei de âncoras e, principalmente, fui me livrando de pessoas com o passar dos anos. Aos poucos (e ainda de maneira não terminada) fui e vou me tornando o homem que busco ser. A criatura que busco ser. Não, na minha vida não há mais lugar pra qualquer coisa que não me faz andar pra frente. Não há mais passos pra trás, não há mais meio termo. Ou é, ou deixa de ser. É simples. E isso vale pra qualquer coisa, sejam sonhos, vontades, desejos, bens materiais, pessoas. E quando você se desprende das amarras que você mesmo coloca em sua vida. Aí, meu amigo, nem as leis da física podem te fazer ficar parado no chão.”

Jack Vettriano - The Weight, 2010

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Não tentem nos classificar

Alexander Dudin - Soldier’s Bath

Classificar homens, como nós, é pura perda de tempo. Nossos adeptos possuem fortes opiniões e convicções pessoais diversas uns dos outros, mas todos se respeitam e são extremamente discretos.
Não somos procriadores (adeptos do crescei e multiplicai), mas homens que apreciam a companhia, a convivência, o respeito e o sexo entre homens.
Fazemos parte daquela tribo masculina que sobrevive desde a Antiguidade, a despeito das eternas regras morais castradoras que tentam nos impor e nos censurar. Não somos homens programados e domáveis, por isto muitos de nós se tornam lobos solitários por absoluta falta de opção. Temos orgulho de nossa masculinidade, e não concordamos em absoluto com a visão vitimista / enfraquecedora / efeminizante do movimento gay (ou gayismo) criado nos EUA.
Temos um livro guia que nos livrou das garras e da arapuca do gayismo. Esta reveladora obra de Jack Malebranche / Donovan nos tirou do limbo, reforçou nossa real identidade, foi responsável pela mudança de nossas atitudes e visões de vida:
Androphilia: A Manifesto. Rejecting the Gay Identity, Reclaiming Masculinity.
Jack Malebranche / Donovan.
Baltimore, Md: Scapegoat Publishing, 2006.

"Jack Malebranche é um homem que prefere a companhia e relações sexuais com outros homens, na medida em que compartilha um vínculo de longo prazo sexual e pessoal. No entanto, ele rejeita enfaticamente o rótulo de gay, porque na cultura atual o conceito de gay mistura-se aos conceitos de efeminização, abandono da masculinidade, irresponsabilidade, e de eterna falsa vítima.
"O movimento Gay nos diz que os homossexuais devem se unir para lutar contra o bullying nas escolas. Incentiva os jovens a sair do armário e entrar nos guetos dos grupos de apoio gay, onde eles poderão se tornar fluente em seus dogmas. O Movimento Gay insiste que os gays são vítimas de opressão heterossexual, e imagina que todo mundo está contra eles".
Malebranche prefere substituir a palavra androphilia por gay para descrever a si mesmo, pois é um defensor ardoroso dos aspectos positivos da virilidade e da cultura masculina.
‘Androphilia, a Manifesto’ não ataca ou critica aqueles homens (homossexuais ou heterossexuais), que querem imitar as qualidades do efeminado. O cerne da questão não é que os homens devam ser forçados a ser viril, mas sim que a maioria deles simplesmente são viris, e não devem ser pressionados pela cultura gay para desprezar ou rejeitar a sua masculinidade.
A sexualidade de um homem também não deve definir automaticamente: seus hobbies, sua política, seus interesses, quem pode ou não ser seus amigos.
Os leitores, independentemente do sexo ou de sua orientação sexual, podem concordar ou não com tudo que esta obra tem a dizer. Mas, Androphilia é inestimável pela sua mensagem de ser auto suficiente e fiel a si mesmo, pela sua discussão franca sobre se casamento gay (propondo parcerias domésticas, que são mais propensas a serem aceitas em oposição às medidas radicais). Livro altamente recomendado."

“A palavra gay nunca desvendou a homossexualidade. Gay é uma subcultura, uma ofensa, um conjunto de gestos, uma gíria, um olhar, uma postura, um desfile, uma bandeira do arco-íris, um gênero de filme, um gosto pela música, um penteado, um grupo de marketing, um adesivo, uma agenda política e ponto de vista filosófico. Gay é um personagem pré embalado, um estilo de vida superficial. Uma personalidade superficial, um estilo de vida. É uma identidade sexual que não tem quase nada a ver com sexualidade.
Androphilia é uma rejeição à sobrecarregada identidade gay. Um retorno a uma discussão sobre a homossexualidade nos termos do desejo: sexual cru, apolítico e a valorização da masculinidade sexualizada experimentada pelos homens. A sensibilidade gay é uma calúnia castradora, uma celebração ao juvenilismo, um estigma aplicado aos homens que se envolveram em atos homossexuais.
Gays e bichas radicais ao desafiar o ‘status quo’ e se apropriando do estigma de efeminação, estarão apenas em conformidade com as expectativas estabelecidas há muito tempo. Homens que amam homens foram paradoxalmente elencados como os inimigos da masculinidade e como escravos para o sonho de uma feminista, um ‘gênero neutro.’
Androphilia é um manifesto cheio de ideias verdadeiramente perigosas: a de que os homens podem ter sexo com homens, mantendo a sua masculinidade. Androphilia é para aqueles homens que realmente nunca compraram o que a comunidade gay estava vendendo. É um desafio deixar o mundo gay completamente para trás e voltar a participar do mundo dos homens, sem pedir desculpas. E o mais importante, como os homens."  Jack Donovan.

"Jack Malebranche utiliza o termo Androfilia para descrever a sua própria experiência sexual, em oposição a uma linha mais afeminada sobre o relacionamento homem/homem, sendo este termo criado pelo autor um sinônimo de ‘amor entre os homens’. Desta forma a livro teve críticas divididas e reações de opostos na comunidade gay e heterossexual. Para o autor o conceito gay deve ser rejeitado e a masculinidade deve ser aceite e encarada de igual modo - homem é homem, independentemente do seu parceiro sexual. Desta feita na sua obra é enfatizada a masculinidade, pelo que não é um livro de e para homossexuais, mas para machos, sendo referido que os homens que se sentem limitados pelo rótulo gay e pelo que ele acarreta devem procurar amizade com heterossexuais e explorar o seu modo de vida mais tradicional. A amizade entre homens é forte e desde terna idade e a androfilia não é mais do que acrescentar a componente sexual a esses laços - há quem o queira fazer ou não - tal como em outros casos há que respeitar a opção de cada um.
Na sua demanda contra o estereótipo o autor define androfilia como um ideal religioso, ou um idealismo, algo que é natural, separando claramente a questão homossexual da gay (efeminados que querem ser mulheres e comportam-se como tal). É também abordada a questão do casamento homossexual, sendo referido que as condições e ideais por detrás deste conceito não se enquadram nas relações entre homens.
No seu livro, Malebranche deu nome, estrutura e direção a um sentimento crescente entre os homossexuais e bissexuais homens, o homem deve comportar-se como tal e não é por gostar de outros homens que deixa de gostar de futebol... bem pelo contrário!
Uma visão diferente sobre a temática da homossexualidade, cunhada por alguém que tem também uma visão diferente do mundo."

Jack Donovan respondendo à uma pergunta de Brett McKay (The Art of Manliness):
"Eu acho que ter relacionamentos com outros homens é uma parte rica de nossas vidas que estamos perdendo. Homens se entendem de uma maneira, que homens e mulheres não conseguem. Por vários motivos, muitos caras que se tornam solitários acabam se relacionando com mulher. Ela passa a ser a pessoa mais importante de sua vida, seu melhor e único amigo. Assim, a masculinidade dele é definida por ela."


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Antiga união afetiva entre os piratas do Caribe: Matelotage

Pierre Loti (1850-1923) - Sailors

Peloponeso Laconia (peloponeso.laconia@gmail.com), um antigo e incansável colaborador nosso, foi quem deu a ideia desta postagem. Este intrigante assunto, muito censurado na história, estava na fila há muitos anos para ser analisado. Peloponeso, adepto das antigas alianças e tradições viris, forneceu as ferramentas corretas de pesquisa. 
Transcrevo pequeno texto, como aperitivo, desde assunto que tem rendido muitas pesquisas por parte de homens interessados no assunto.

Matelotage: o casamento do mesmo sexo entre os piratas.
“No século XVII os piratas formavam uma comunidade exclusivamente masculina; vivendo às margens da lei, longe das mulheres e famílias, sujeitos às intempéries, acidentes, doenças e morte violenta, eles desenvolveram suas próprias regras de sobrevivência. Uma das mais famosas foi o 'matelotage', uma união do mesmo sexo, que, particularmente na ilha de Tortuga, no Caribe, era bastante semelhante ao casamento. Na mesma época em que na Europa e suas colônias a homossexualidade era reprimida, hostilizada e estigmatizada sob o rótulo 'sodomia', na sociedade dos piratas (uma sociedade 'desviante' e 'fora da lei') a relação afetiva e sexual entre dois homens não causava escândalo e pareceu razoável. Como em uma cerimônia de casamento convencional, os homens envolvidos em matelotage trocavam alianças de ouro e juravam entre si que sua união seria eterna. A união era reconhecida pelos demais piratas e dava alguns direitos patrimoniais aos companheiros; em caso de morte de um deles o outro herdava seus bens (o que incluía o espólio de saques). Eles se comprometiam a dividir tudo, inclusive as propriedades. Sabe-se que esse rito de união não era forçado, e não raro era adotado por homens de mesma idade (diferentemente dos ritos da pederastia), e nem sempre implicava em coabitação sexual. John Swann e o Capitão Robert Culliford são exemplo de dois piratas que segundo os registros da época viveram juntos publicamente uma relação homoerótica; Swann era chamado de 'o consorte' (cônjuge ou companheiro) de Culliford. Eles se conheceram quando ficaram presos durante quatro anos em Mangalore, na Índia; após a fuga eles se refugiaram na ilha de Santa Maria, próxima de Madagascar, e foi lá que se uniram no rito de matelotage. Alguns matelotage eram monogâmicos, mas em outros os companheiros dividiam os amantes ou a esposa de um deles (a união dos piratas Louis Le Golif e Pulverin era deste tipo).” 
- Turley, Hans (1999). Rum, Sodomy, and the Lash: Piracy, Sexuality, and Masculine Identity.
- Transcrito da página do Facebook: 

Links diversos sobre Matelotage:

Matelotage